O meu gosto pela programação começou mesmo antes de eu saber o que era... Aliás, só cerca de 4 anos depois é que eu me apercebi que tinha programado no Spectrum.
Explicando desde o ínicio...
Em 1988 ou 89 (tinha eu 8 anos), numa feira do livro em Rio Maior, encontro um livro que tinha na capa um spectrum. O livro chamava-se "O meu primeiro livro do ZX Spectrum" e obviamente que eu tinha de ter "aquilo", mesmo sem saber exatamente do que tratava o livro. A única coisa que eu percebi, era que o livro ensinava a fazer coisas no spectrum, além dos jogos.
Tratava-se de um livro de programação destinado a crianças (onde é que hoje em dia se vê uma coisa dessas). O livro (que ainda hoje é vivo) ensinava a tirar partido de todas as funções do Spectrum, começando pelas várias funções de cada tecla e acabando com noções de programação. O livro tinha dezenas de exemplos de pequenos programas, para vários fins.
É obvio que com 8 anos, eu não fazia a minima ideia do que estava a fazer, uma vez que apesar de se tratar de uma linguagem de alto nível, era em inglês. Assim, limitava-me a passar o que estava no livro para o computador.
Lembro-me especialmente de dois programas e do que eu pensei quando os pus a funcionar. Um deles é o típico exemplo de fazer aparecer no ecrã "Olá mundo", através do comando «PRINT "Olá Mundo"». Lembro-me de pensar "Porque será que tenho de escrever o PRINT? Para aparecer Olá Mundo no ecrã, bastava escrever "Olá mundo", sem "PRINT" nenhum... :)
Outro programa do qual me lembro dos meus pensamentos, era um programa que perguntava algo do género "Qual a letra que falta em _NA, para escrever o nome de uma pessoa?". Depois era suposto introduzirmos uma letra, que iria gerar um feedback do programa, que poderia ser algo como "Muito bem, a letra que faltava era A, para fazer o nome ANA".
Depois de eu escrever o programa todo, achava mágico que o computador soubesse a resposta, não me apercebendo que tinha sido eu mesmo a escrever a resposta e as várias alternativas de feedback...
Enfim, passei muitas horas a experimentar as dezenas de programas que estavam no livro.
Anos depois, quando já andava no 8º ano (1992), em conjunto com dois colegas de turma (o Pedro Guiomar e o Nuno) metemos na cabeça que íamos fazer um jogo de computador como o "Elifoot" (uma espécie de Championship Manager, da pré-história, feito por um portuga, e que nós jogámos até mais não). O Pedro tinha umas luzes de programação (Basic e Cobol)... Foi quando o vi a programar em Basic (a mesma linguagem de programação do Spectrum) é que se fez um clique. Aquilo que ele estava a escrever, era aquilo que eu tinha feito no meu Spectrum, anos antes. Aí, todos os PRINT; INPUT, RUN, GOTO e GOSUB fizeram sentido. Voltei a pegar no velhinho livro do Spectrum e comecei logo a mexer no QBASIC no PC.
Em relação ao tal jogo que queríamos fazer, tá na cara que praticamente nem começámos, uma vez que dedicávamos mais tempo a jogar do que a produzir lol...
Eu próprio, no PC, acabei por nunca fazer nada (de jeito) até ao fim. O que mais se aproximou, foi um jogo em texto, baseado num daqueles livros de aventuras que se jogam com papel e dados e no qual podemos fazer escolhas, para decidir o rumo da história.
O livro é precisamente o que se vê na imagem (de todos os que tinha, era o meu preferido).
Basicamente, transcrevia o texto do livro para o PC (à unha), e automatizava os processos em que eram necessários os dados (gerando números aleatórios). Além desse automatismo, eram apresentados no ecrã os dados do personagem (vida, força, sorte, etc.), bem como um inventário dos objetos recolhidos...
Não é para me gabar, mas estava mesmo muito bom e era muito mais divertido e rápido do que jogando com o livro, uma vez que após as decisões serem feitas, não precisamos de desfolhar o livro para ir para a próxima parte (e o mais importante de tudo, não era possível fazer batota, como por exemplo, recuar na história).
Porque não o acabei? Muito simples, porque o disco foi à vida, e com ele, tudo o que lá estava guardado (aprendi cedo a importância dos backups).
Por causa de ter perdido tanto tempo naquilo, nunca voltei a ter coragem de refazer.
Na prática o jogo estava feito, só faltavam mesmo os textos todos. Hoje em dia com um scanner e o reconhecimento OCR, aquilo tinha sido feito num instante... Qualquer dia, perco a cabeça e faço o jogo... lol.
Existem mais memórias que envolvem programação, mas essas ficam para outra altura... Com o ritmo a que tenho postado, talvez para 2024... lol
1 comentário:
Olá, gostei muito de ler as suas "memórias", chamo-me Vitor, nasci em 1981 e em tempos também tive um ZX Spectrum (já não sei o fiz a ele), só tenho pena de não ter tido esse tal livrinho de programação destinado a crianças :(
acho que o unica "instrução" que usei foi mesmo só o LOAD, talvez também o CIRCLE porque me lembro fazer circulos... fazia também desenhos com a cor do fundo dos caracteres (acho que lhe chamam agora PIXEL ART) LOL, claro que nunca ficava nada de jeito... O meu primeiro contacto com programação mais sério foi já aos 18 anos.... Estou a comentar no seu blog porque hoje lembrei-me de sacar um emulador do Spectrum que corre no vista e tudo, é o ZX SPIN, estou com ideias de aprender um pouco esta linguagem só mesmo para "bricar".
Um abraço!
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