08/04/2011
As salas de Jogos
As minhas memórias relacionadas com salas de jogos começam em 1985 (aos meus 5 anos).
Lembro-me de ir a uma sala de jogos que existia em Rio Maior (da qual não me lembro do nome). Situava-se na Praça da República, no espaço que foi ocupado mais tarde pela pastelaria "Katekero" e hoje é a pastelaria "O Diamante".
Eu sei que só se podia frequentar salas de jogos com 16 anos, mas quem é que ia achar que uma criança de 4 ou 5 anos estaria sozinha :)
Tenho 2 memórias muito claras de situações que ocorreram naquela sala de jogos.
A primeira foi uma situação em que eu estava a jogar dentro de uma máquina com um jogo de carros (ver imagem).
Estava eu a jogar muito descansado, até que chegam 2 tipos, sendo que um deles me diz "Oh puto, sai daí que eu vou jogar". Aí, o outro tipo alerta o colega, dizendo-lhe que eu estava mesmo a jogar, pelo que o primeiro enfia a cabeça dentro do cockpit e diz "Olha, pois está"...
A 2ª memória que tenho é uma noite em que não tinha moedas para jogar e à porta da sala de jogos, vejo o marido da minha Madrinha a passar. Eu aproximo-me dele e digo "Oh Zé, era mesmo de ti que precisava... Tens uma moeda de 5 escudos?". As crianças conseguem ser tão adoráveis... LOL
... É verdade, para jogar bastava uma moeda de 5 escudos.
Fica aqui um vídeo do jogo que falei em cima (chamado "Pole Position")
Além dessas mais remotas, as memórias que tenho de salas de jogos prolongam-se ao longo dos anos entre 1985 e 1996, sendo que a partir daí como já me era permitido estar lá dentro, aquilo perdeu um bocado da magia :).
Vamos então ver outros momentos marcantes...
Os mais importantes foram as minhas visitas (quase diárias) à sala de jogos "Arco-Íris" (mais ao menos a partir dos meu 10 anos), na qual apenas me atrevia a entrar nos primeiros 2 metros da sala. Mais do que isso, arriscava-me a ser expulso. Nesses 2 metros eu limitava-me a ver os outros jogar vezes sem conta, sem nunca lá meter uma única moedinha. O que era engraçado era que devido ao facto de eu ver muita gente diferente a jogar, eu ia apanhando os truques dos vários jogos e até conseguia explicar a alguns jogadores, o que deveriam fazer...
Também nessa sala de jogos, houve aquelas situações em que fui apanhado dentro da sala de jogos pela GNR (dentro daqueles 2 metros). Em ambas as situações bastou eles perguntarem "quem é o teu pai", para eu me borrar todo.
Outra das memórias marcantes referem-se ao jogo Street Fighter 2.
A primeira vez que o vi foi na Feira Agricola em Santarém (por volta de 1990), numa daquelas barracas onde havia uma espécie de sala de jogos (e onde ninguém me expulsava lol).
Apesar de não estar ninguém a jogar, alguma coisa me chamou a atenção naquele jogo (nem imaginava que aquele era o jogo que viria a ser considerado por muitos, o melhor jogo de arcade de todos os tempos). Fiquei vidrado a ver a apresentação do jogo e a demo em que ambos os personagens eram controlados pelo computador. Naquele tempo todo em que eu lá estive, não houve uma única pessoa que jogasse (cambada de imbecis... E eu sem dinheiro para gastar).
Enfim, limitei-me a ver a demonstração em que vi os combates (Ryu VS Ken, Chun Li VS Honda, Zangief VS Dhalsim e Guile VS Blanka) várias vezes. Maravilhoso...
Após algum tempo o jogo apareceu na sala de jogos em Rio Maior e para minha felicidade era a primeira máquina, logo junto à porta.
Este jogo ensinou-me muitas coisas, sendo uma delas o que me levou a seguir a carreira de professor... Esquisito, não é? Mas eu explico... Durante cerca de 2 anos vi centenas de pessoas a jogar, apesar de eu nunca ter jogado. Isto ensinou-me muito acerca dos processos de aprendizagem. A maioria dos jogadores usava o método da tentativa e erro (iam evoluindo lentamente à medida que iam jogando) e outros o da força bruta (iam gastando dinheiro até conseguirem avançar). E eu sem gastar nada ia aprendendo o que era necessário para chegar ao fim sem nunca praticar). Ainda hoje eu digo aos meus alunos "Vejam primeiro como se faz e tentem fazer depois" e uma das minhas frases preferidas é "Vê e aprende"...
A verdade é que quando eu finalmente joguei o jogo pela primeira vez, gastei apenas 3 tentativas (100 escudos = 3 créditos) para chegar ao fim do jogo a primeira vez (sem usar Continues, uma vez que eu preferia recomeçar do ínicio).
A última das 3 memórias mais marcantes eram as máquinas de jogos que existiam na praia da consolação (onde eu passava a maioria das férias). Nessa localidade existiam dezenas de cafés que tinham 1 ou 2 máquinas de jogos (e onde ninguém me mandava para a rua).
O que me lembro dessa época era os kilometros que eu fazia para ver alguém jogar nessas máquinas (sempre gostei tanto de ver como de jogar).
Fazia nas calmas 5 kms a percorrer as "capelinhas todas" :)
Uma paragem obrigatória era o "Forte" que podem ver na parte de baixo da foto...
Neste forte, apesar de existirem apenas 2 máquinas, renovavam os jogos várias vezes, aqueles de que me lembro melhor foram "Out Run", "Chase Head Quarters", "TMNT" e "Aliens".
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2 comentários:
Caro Carlos.
Foi um prazer seguir este teu relato, uma vez que temos percurso relativamente semelhantes, neste apartado.
Também sou professor (de Matemática e de programação), e passei por episódios muito similares:
-A experiência com 4 anos
-O observar para aprender e quando for para jogar já ter a estratégia toda montada para vencer.
-Usar um crédito e recomeçar do início (a marca do verdadeiro hardcore gamer)
-Visitar as vária "capelinhas" cada uma com o seu santuário.
-Andar 11km por perder o autocarro só para ver mais uns combates no SF2 (ainda hoje jogo e jogo competitivamente SF4)
-Etc etc.
Foi um prazer conhecer um camarada de armas da mesma fibra. Bem hajas.
Um grande abraço do Nuno Cunha
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